quarta-feira, 29 de março de 2017

Os Maias de Eça de Queirós

  • Realismo e Naturalismo:

Realismo: Foi um movimento literário e artístico que nasceu nas últimas décadas do século XIX na França. O Realismo é mais estético e preocupa-se com o caracter do romance naturalista. É uma resposta ao exagero do romantismo. Os seus fundadores foram Antero de Quental e Eça de Queiroz através da Questão Coimbra e das Conferencias do Casino Lisbonense.

Naturalismo: radicalização do realismo, baseando-se na observação fiel da realidade e na experiencia, mostrando que o individuo é determinado pelo ambiente e pela hereditariedade. Os temas explorados são: a homossexualidade, o incesto, o desequilíbrio que leva á loucura. As obras do realismo destacavam-se pela abordagem aberta do sexo e pelo uso da linguagem. 
  • Caricatura e Cartoon;

ca·ri·ca·tu·ra 
substantivo feminino
1. Representação grotesca de pessoas ou acontecimentos.
2. [Figurado]  Pessoa caricata.

cartoon |càrtúne| 
(palavra inglesa)

substantivo masculino
1. Banda desenhada, geralmente de carácter humorístico.
2. Cada um dos desenhos que compõem um filme de desenhos animados.
3. Filme de desenhos animados. = ANIMAÇÃO



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  • Rafael Bordalo Pinheiro
Rafael Augusto Bordalo Pinheiro foi um artista português, de obra vasta dispersa por largas dezenas de livros e publicações, precursor do cartaz artístico em Portugal, desenhador, aguarelista, ilustrador, decorador, caricaturista político e social, jornalista, ceramista e professor. O seu nome está associado com a caricatura portuguesa e á representação popular do Zé Povinho que se tornou o símbolo do povo português.

Filho de Manuel Maria Bordalo Pinheiro e D. Maria Augusta do Ó Carvalho Prostes, em família de artistas, cedo ganhou o gosto pelas artes. Nasceu a 21 de março de 1846 em Lisboa e morreu a 23 de janeiro de 1905 em Lisboa. Em 1875 criou a figura do Zé Povinho, publicada n'A Lanterna Mágica.


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  • Titulo e Subtitulo;

“Os Maias”: título e subtítulo A obra “Os Maias” recebe este título porque acompanha três gerações da família Maia correspondentes a momentos histórico-políticos e culturais diferentes: 1º Geração, a de Afonso da Maia, marcada pela reação contra o absolutismo e a defesa dos valores antigos. 2º Geração, a de Pedro da Maia, marcada pela instauração do Liberalismo e pelo ultrarromantismo. 3º Geração, a de Carlos da Maia, marcada pela queda dos ideais liberais.

 O título refere-se à intriga principal e secundária e acompanha a história de vida e peripécias dos três elementos masculinos da família Maia antes referidos. O subtítulo “Episódios da Vida Romântica” indica a intenção de descrever o estilo de vida romântico através de episódios que se relacionam de alguma maneira com as personagens principais. O subtítulo é justificado pois o narrador oferece-nos vários casos, cenas ou atitudes, consideradas típicas dos Romantismos de 1875/1876 e de Portugal caracterizado pelo desânimo da geração de setenta.
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Na intriga principal abrangem-se temas como os amores incestuosos de Carlos e Maria Eduarda. A intriga secundária abrange os amores de Pedro da Maia e Maria Monforte. A intriga secundária é constituída pelo casamento de Pedro da Maia  e Maria Monforte. Há um recuo no tempo e há uma referencia ao casamento de Afonso e á sua educação e a morte da esposa de Afonso, Eduarda Runa.
Na intriga secundária surgem outras ações secundárias, como por exemplo:
·         os amores adúlteros de Carlos da Maia com a Gouvarinho;
·         o amor entre Ega e Raquel Cohen;
·         a pulhice de Dâmaso Salcede que revela a degradação moral, do jogo das influencias politicas, da corrupção, ignorância e hipocrisia;
·         as diferenças da educação tradicional de Eusebiosinho e da educação britânica moderna de Carlos;
Estas intrigas que aparecem na intriga secundária ajudam a compreender a intriga principal da obra e contribuem para a critica social.


  • Personagens da Obra;
Personagens da intriga secundária:


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    Afonso da Maia.
  • Afonso da Maia: é a personagem mais valorizada pelo autor da obra, não sabemos se tem defeitos. Quando era jovem aderiu aos ideias do liberalismo. Ama a natureza e o que é pobre e fraco e simboliza o velho Portugal;



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    Pedro da Maia
  • Pedro da Maia: filho de Maria Eduarda Runa e de Afonso da Maia. É débil e fraco devido á sua educação tradicional portuguesa. Após a morte de sua mãe começa a ter crises de melancolia. Casa com Maria Monforte contra a vontade do seu pai. Suicida-se quando Maria Monforte foge com Tancredo. É o protótipo do herói romântico;


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      Pedro da Maia e Maria Monforte
    • Maria Monforte: É bela, tem cabelos loiros, testa curta e clássica, olhos azuis. Era conhecida em Lisboa por Negreira devido ao seu pai. Tem dois filhos ( Carlos da Maia e Maria Eduarda) e foge com Tancredo. Tem um carácter pobre, excêntrico e excessivo. É culpada por tudo o que acontece á familia Maia.



    Personagens da intriga principal: 



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      Carlos da Maia
    • Carlos da Maia: «Magnifico moço, alto, bem feito, de ombros largos, com uma testa de mármore sob os anéis dos cabelos pretos, tinha um ar de um príncipe da Renascença» Cursou medicina em Coimbra Aristocrata rico e ocioso com tendência para o diletantismo (fatal dispersão de ocupações e de gastos) Temperamento dominado pela sobriedade e pelo dandismo; Esforço de Carlos para fazer do ramalhete uma residência com luxo sóbrio e discreto; Amores de Carlos com a Condensa de Gouvarinho; Paixão de Carlos por Maria Eduarda;

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      Maria Eduarda

      • Maria Eduarda: Mulher bela e elegante; É culta; Revela a Carlos o seu passado atribulado na companhia da mãe; Casa com Mac Gren, de quem tem uma filha, este que morre na batalha de Saint-Privat; Vive com um brasileiro rico, Castro Gomes, que a caminho do Brasil a traz a Lisboa onde conhece Carlos da Maia; É sensata e tem um forte sentido de dignidade; É apologista da república;


      • Linguagem e estilo de Eça de Queiroz.
      1.  Na adjetivação parece residir um dos meios mais expressivos e originais. É talvez usado o mais flexível e rico dos instrumentos verbais usado por Eça. Na hierarquia das palavras, o adjetivo é que comunica cor, matriz e tonalidade. 
      2. Uso expressivo do adjetivo: caricatura; impressionismo; adjetivo com função adverbial; colocação invulgar do adjetivo.
      3. O adverbio é um dos campos favoritos de experimentação neológica; visão impressionista unida ao desejo de concisão. 
      4. Uso expressivo do adverbio: adverbio metafórico; a superlativar o adjetivo; acumulação de advérbios com efeito enfático; antítese do verbo; criação de advérbios a partir de adjetivos;
      5. Uso expressivo do diminutivo: a exprimir afeto ou irónico, depreciativo, caricaturial. 
      6. Recursos expressivos:  - a hipálage – figura de estilo que consiste em atribuir uma qualidade de um nome a outro que lhe está relacionado, revelando assim a impressão do escritor face ao que descreve.- a sinestesia – figura de estilo relacionada com o apelo aos sentidos que nos transporta para um conjunto de sensações por nos descrever determinado ambiente (cenário envolvente) com realismo, tornando-nos de certa forma testemunhas desse cenário.- a ironia – recurso estilístico que, por expressar o contrário da realidade, serve para satirizar e expor contrastes e paradoxos.
      • Tempo: O tempo na obra Os Maias apresenta três tipos: tempo histórico, tempo do discurso e tempo psicológico.
      • Tempo Histórico: Reflete os acontecimentos cronológicos do país. O tempo apresenta-se com o encadeamento das três gerações da família Maia, dando destaque a Carlos, o último membro desta geração. O tempo histórico inicia-se em 1820 até 1887, estendendo-se, assim, a intriga durante 70 anos.
      • Tempo do Discurso: Definição: O tempo do discurso é revelado através da forma como o narrador relata os acontecimentos. Ele pode apresentá-los de forma linear, optar por retroceder no tempo em relação ao momento da narrativa em que se encontra ou antecipar situações.
        O discurso inicia no outono de 1875 quando Carlos conclui a sua viagem de um ano pela Europa após a sua formatura. Instalou-se em Lisboa com o seu avô. O narrador usa uma analepse até a uma parte do Capitulo IV. Durante esta analepse há referencias aos antepassados do protagonista e depois recupera o presente da história que tinha iniciado nas primeiras linhas da obra. Esta primeira parte é considerada uma novela introdutória.
      • Tempo Psicológico: É o tempo que a personagem assume. É filtrado pelas suas vivências, é o tempo que se alarga ou encurta conforme o estado de espirito da personagem em questão. O tempo psicológico introduz subjectividade que opõem em causa as leis do naturalismo.
      • Espaços:
      Espaço fisico: 
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      Ramalhete
      1. Ramalhete:Como podemos ver no primeiro capítulo da obra, onde as primeiras páginas consistem sobretudo na descrição do Ramalhete, que se encontrava desabitado. Podemos verificar a ausência de vida no excerto: Ao fundo de um terraço de tijolo, um pobre quintal inculto, abandonado às ervas bravas, com um cipreste, um cedro, uma cascatazinha seca, um tanque entulhado, e uma estátua de mármore (onde Monsenhor reconheceu logo Vénus Citereira) enegrecendo a um canto na lenta humidade das ramagens”. O facto da “cascatazinha” ser “seca”, mostra-nos a ausência de vida porque a água simboliza a vida. O cipreste e o cedro simbolizam a passagem do tempo/envelhecimento. E a estátua de mármore “enegrecendo a um canto” representa a ausência de amor. Na fachada do Ramalhete, encontramos a seguinte descrição: “Sombrio casarão de paredes severas; Com um renque de estreitas varandas de ferro no primeiro andar, por cima uma tímida fila de janelinhas abrigadas à beira do telhado, tinha o aspecto tristonho de residência eclesiástica que competia a uma edificação dos tempos da S. D. Maria I, com uma sineta e com uma cruz no topo, assemelhar-se-ia a um colégio de jesuítas.” Na fachada, também encontramos um “escudo de armas…representando um grande ramo de girassóis”, Este ramo de girassóis simboliza a importância da terra e da província no passado daquela “família antiga da Beira”.
      2. Santa Olávia: situada na margem esquerda do Douro, simboliza a vida e regeneração da família Maia, representa a purificação de Afonso. É o simbolo da vida, ligada á água que contrasta com Lisboa ‘’a cidade degradada.’’
      3. Consultório de Carlos:“E tanto se agitou, que daí a dois dias tinha alugado um primeiro andar de esquina.Carlos mobilou-o com luxo. Numa antecâmara, guarnecida de banquetas de marroquim, devia estacionar, à francesa, um criado de libré. A sala de espera dos doentes alegrava com o seu papel verde de ramagens prateadas, a plantas em vasos de Ruão, quadros de muita cor, e ricas poltronas cercando a jardineira coberta de colecções do Charivari, de vistas estereoscópicas, de álbuns de actrizes seminuas, para tirar inteiramente o ar triste de consultório, até um piano mostrava o seu teclado branco”.
      4. Coimbra: : É onde ocorrem os estudos de Carlos e as suas primeiras aventuras amorosas. É uma fonte de diletantismo marcado pela estagnação. Através de Coimbra e da sua vida de dispersão sugere-se que os indivíduos que estavam á frente dos destinos dos país passaram forçosamente por este meio de sentimentalismo. É através deste espaço luxuoso que Carlos revela o seu diletantismo e a sua predisposição para a sensualidade. 
      5. A Toca: É o espaço onde Carlos da Maia e Maria Eduarda partilham as suas curtas juras de amor. Simboliza a tragicidade da relação pois está carregada de presságios: nas tapeçarias “desmaiavam, na trama lã, os amores de Vénus e Marte”; de igual modo o amor de Carlos e de Maria Eduarda estava condenado a desmaiar e desaparecer; “…a alcova resplandecia como o interior de um tabernáculo profano…” misturando o sagrado com o profano para simbolizar o desrespeito pelas relações fraternas.“Carlos mostrava-se indiferente aos presságios, inconsciente e distante, mas Maria Eduarda impressionava-se ao ver a cabeça degolada de S. João Baptista, que foi degolado por tem denunciado a relação incestuosa de Herodes, e a enorme coruja a fitar, com ar sinistro, o seu leito de amor” A coruja é considerada uma ave de agoiros, sendo considerada um indicio de uma tragédia. 
      Espaço Social: o espaço social comporta os ambientes, onde atuam as personagens que o narrador achou melhor representarem a sociedade portuguesa. Destacam-se episódios e ambientes tal como:
      1. Jantar no Hotel Central: No jantar no Hotel Central, em termos funcionais, mostrou-se o primeiro contacto de Carlos como meio social lisboeta e também é a primeira vez que ele vê Maria Eduarda. É neste episódio que estão representados os temas mais predominantes da vida politica-cultural lisboeta, pois falam-se de temas como a Literatura, Finanças e a Politica. Com este episódio da crónica de costumes, o autor demonstra a incoerencia cultural do povo português e a decadência do pais. 
      2. Corrida de Cavalos: espelha-se no desejo de imitar o que se faz no estrangeiro e era considerado sinal de progresso. Apreciamos de forma irónica e caricaturial uma sociedade burguesa que vive de aparencias. Os cavalheiros sentiam-se embaraçados por vestirem trajes tão chiques e as senhoras vestiam "vestidos sérios de missa" . O ambiente era muito requintado mas também ligeiro como compete a um evento desportivo. Os objectivos deste episódio são os seguintes: o contacto de Carlos com a alta sociedade lisboeta, incluindo o rei; uma visão panorâmica desta sociedade sobre o olhar crítico de Carlos; tentativa frustrada de igualar Lisboa às demais capitais europeias.
      3. Jantar na Casa dos Gouvarinhos: Acima de tudo, estes jantares pretendiam transmitir:- O atraso intelectual do país;- A mediocridade mental de algumas figuras da alta burguesia e da aristocracia;- A degradação dos valores sociais. Há duas personagens que temos de ter em conta são: Conde Gouvarinho e Sousa Neto. Conde Gouvarinho: é através desta personagem que se pode verificar a grande contradição entre o ser e o parecer, pois o conde Gouvarinho é um representante da alta politica e do poder instituído, por outro lado não tem qualquer visão histórica ou qualquer tipo de cultura relevante para a sua posição. Sousa Neto: Representante da administração pública, intelectualmente muito medíocre e não conseguia manter uma conversa à altura do seu cargo. Esta personagem vem acentuar a mediocridade mental que já fora identificada e referida no Conde Gouvarinho.
      4. Sarau no Teatro da Trindade: demonstra o misero desenvolvimento de Portugal na época através da falta de educação, respeito e apreciação por parte dos espetadores da alta sociedade. 
      Espaço Psicológico: aparece ligado ao sonho, à imaginação, à memória e as emoções e reflexões. 
      1. O Sonho:  funciona como factor inicial da acção, apontando para a relação amorosa que se estabelecerá entre Carlos da Maia e Maria Eduarda;
      2. A Imaginação: está ligada ao estado de espirito de Carlos. Carlos usa a imaginação para imaginar as formas sensuais do corpo de Maria. 
      3. Emoções e Reflexões: Estes estados de espírito remetem à personagem central (Carlos) quando este reflecte acerca do caminho a seguir com Maria Eduarda e das consequências que dai adviriam. Estes constantes pensamentos estão presentes principalmente quando este se prepara para depois das revelações de Castro Gomes, romper as suas relações com Maria Eduarda. Mas o interior deste é explorado de forma ainda mais profunda quando a intriga atinge a sua fase culminante: quando este resolver revelar à irmã a verdade já conhecida e quando reflecte acerca das consequências do incesto.
      4. Memória: A activação da memória, nos Maias está ligada à morte de Afonso da Maia, principalmente quando Carlos relembra a morte do avo.A memória dá-se quando Carlos recorda o passado familiar revelado por Ega numa noite de boémia. Mas esta (memória) tem mais impacto quando Carlos desabafa a catástrofe sobre o que resta da família dos Maias, isto é, quando morre Afonso da Maia.Não é por acaso que a memória está ligada aos momentos fulcrais da intriga, pois esta dá-se quando as personagens mais importantes estão dominadas por estados de espírito altamente emocionados.Este é o tipo de situação que representa melhor o espaço psicológico: a conturbação intensa, a duvida violentamente sentida, a crise de autoconfiança, estados de espírito normalmente condicionados pelo desenrolar da intriga.
      • Ação: 
      Ação fechada: a acção é fechada já que a história da família, nomeadamente a relação entre Carlos e Maria Eduarda, o destino final das personagens é revelado.
      Ação aberta: Em relação à crónica de costumes, Eça descreve a sociedade da segunda metade do século XIX apontando os seus defeitos e vícios.No entanto, no final abre uma perspectiva da existência que se cruza com a concepção trágica da intriga, ou seja, apesar da acção ser fechada quanto à história da família Maia.
      • Indícios de fatalidade:
      Um dos indícios de fatalidade que podemos encontrar na obra é a primeira vez em que Afonso da Maia vê Maria Monforte pela primeira vez. “Afonso não respondeu: olhava cabisbaixo aquela sombrinha escarlate, que agora se inclinava sobre Pedro, quase o escondia, parecia envolvê-lo todo - como uma larga mancha de sangue alastrando a caleche sob o verde triste das ramas.” A sombrinha escarlate que se inclinava sobre Pedro “como uma larga mancha de sangue” agoura a “poça de sangue que se ensopava no tapete” na noite do suicídio de Pedro, quando se confirma a tragédia.
      Maria Monforte é caracterizada como uma deusa. Esta personagem é relacionada com a Vénus Citereia que se encontra no jardim do Ramalhete. Por um lado, esta estátua simboliza a feminilidade perversa responsável pela tragédia da família. Por outro lado, o facto de ser de mármore faz-nos relembrar a tragédia clássica e sugere a morte, por ser o material usado nas campas e também pela cor branca associada à frieza da morte.
      O sombrio dos olhos azuis de Maria Monforte sugere o luto e a desolação que assomará a família Maia, devido ao comportamento desta personagem.
      · Descrição dos lírios na casa de Maria Eduarda
      “Ao pé da porta havia um piano antigo de cauda, coberto com um pano alvadio; sobre uma estante ao lado, cheia de partituras, de músicas, de jornais ilustrados, pousava um vaso do Japão onde murchavam três belos lírios brancos (…)” Os Maias, cap. XI
      Em casa de Maria Eduarda os “três belos lírios brancos” num vaso do Japão começam a murchar, quando se inicia a relação com Carlos da Maia.
      O murchar dos lírios, flores que simbolizam a pureza, indicia que esta relação incestuosa iria provocar o destroçar de uma família, da qual apenas restavam, exactamente, três elementos.
      O comentário: “- Há três anos, quando o Sr. Afonso me encomendou aqui as primeiras obras, lembrei-lhe eu que, segundo uma antiga lenda, eram sempre fatais aos Maias as paredes do Ramalhete. O Sr. Afonso da Maia riu de agouros e de lendas… Pois fatais foram!” de Vilaça reconhece o desenlace trágico que se cumpriu.
      A semelhança entre o nome de Carlos e de Maria é um indicio pois indica uma afinidade familiar já que ela é Maria Eduarda e ele Carlos Eduardo. 

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