Descendente de homens do mar, a sua infância foi marcada pela paisagem física e humana da zona piscatória da Foz do Douro. Ainda no Porto, conviveu com os jovens escritores António de Oliveira, António Nobre e Justino de Montalvão com quem, em 1892, subscreveu o manifesto Nefelibatas . Iniciou a sua carreira literária em 1890 com Impressões e Paisagens .
Frequentou o curso superior de Letras, mas ingressou na carreira militar.Colocado em Guimarães, foi para a Casa do Alto, quinta próxima de Guimarães, local de produção da maior parte da sua obra literária, alternando o isolamento nortenho com estadias em Lisboa, onde desenvolveu paralelamente uma atividade jornalística, tendo colaborado em publicações como o Imparcial, Correio da Noite, Correio da Manhã e O Dia . Nestes últimos, é constante o seu debruçar sobre o terrível drama da condição humana,perpassado pelo sofrimento, a angústia, o mistério e a morte. São também constantes as referências aos ofendidos e humilhados, face visível da expressão humana que é um dos motivos mais regulares na sua obra.
Ao longo de uma obra multifacetada, Raul Brandão viria a ser um dosescritores que, a par de Fernando Pessoa, mais influíram na evolução daliteratura portuguesa do século XX, sendo eleito figura tutelar não apenas degerações suas contemporâneas, como o grupo reunido em torno de SearaNova , ou o chamado grupo da Biblioteca Nacional (Jaime Cortesão, RaulProença, Aquilino Ribeiro, Câmara Reis), como de gerações posteriores para asquais a redescoberta da obra de Raul Brandão serviu de esteiro para oreformular de estruturas novelísticas tradicionais.
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