quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Impressão Digital - António Gedão

Os meus olhos são uns olhos 
E é com esses olhos, uns
Que eu vejo no mundo escolhos
Onde outros com outros olhos 
Não vêm escolhos nenhuns

Quem diz escolhos diz flores 
De tudo o mesmo se diz
Onde uns vêm luto e dores
Uns outros descobrem cores 
Do mais formoso matiz

Nas ruas ou nas estradas 
Onde passa tanta gente
Uns vêm pedras pisadas
Outros, gnomos e fadas 
Num alo resplandescente

Inútil seguir vizinhos 
Querer ser depois ou antes
Cada um, é seus caminhos
Onde Sancho vê moinhos 
Don Quixote vê gigantes

Cada um é seus caminhos
Vê moinhos, são moinhos
Vê gigantes, são gigantes

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