Na lírica medieval galego-portugues uma cantiga de amigo é uma composição breve e singela posta na voz de uma mulher apaixonada. Devem o seu nome ao facto de que na maior parte delas aparece a palavra amigo, com o sentido de pretendente, amante, esposo.
A voz poética é a de uma jovem que relata as suas vivências amorosas, ora num monólogo, ora num diálogo com suas amigas, irmãs ou inclusive com a mãe. Os estados de ânimo são diversos e incluem a alegria pela chegada do amigo, a tristeza pela sua ausência ou a ansiedade pelo seu regresso, o desejo de vingança, ciúmes, etc. Os ambientes nos qual decorrem são o campo, o mar ou a casa: a fonte, onde foram procurar água ou lavar o cabelo, o rio ou a peregrinação.
Non chegou, madre, o meu amigo,
e hoj'ést'o prazo saído!
ai, madre, moiro d'amor!
Non chegou, madre o meu amado
e hoj'ést'o prazo passado!
ai, madre, moiro d'amor!
E hoj'ést'o prazo saído!
Por que mentiu o desmentido?
ai, madre, moiro d'amor!
E hoj'ést'o prazo passado!
Por que mentiu o perjurado?
ai, madre, moiro d'amor!
Por que mentiu o desmentido
pesa-mi, pois per si é falido.
ai, madre, moiro d'amor!
Por que mentiu o perjurado
pesa-mi, pois mentiu a seu grado.
ai, madre, moiro d'amor.
Nesta cantiga de amigo, existe um parelelismo perfeito, ou seja. Nas cantigas de amigo, o paralelismo consubstancia-se frequentemente no leixa-pren, um processo de articulação estrófica, pelo qual o 2.º verso da 1.ª estrofe é retomado no 1.º verso da 3.ª estrofe, ao mesmo tempo que o 2.º verso da 2.ª estrofe é repetido no 1.º da 4.ª estrofe, e assim sucessivamente.
Existem vários tipos de cantigas de amigo:
- pastorelas - assuntos campestres, diálogo com a naatureza.
- romarias - assuntos relacionados às festas religiosas.
- barcarolas - assuntos relacionados ao mar, rios e lagos.
- bailias - assuntos ligados à dança.
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