terça-feira, 27 de outubro de 2015

Cantigas de Amor

As cantigas de amor, direcionadas do homem para a mulher, retratavam o sentimento amoroso masculino. Consistiam em cantigas lamentativas, de um amor declarado inatingível. Nas cantigas de amor o trovador se dirigia com vassalagem amorosa à dama que adorava, tratando-a de “mia dona” ou “mia senhor”. Mostravam uma louvação constante da beleza da mulher. Embora originárias da Provença, as cantigas de amor portuguesas ganharam nova dimensão e maior sinceridade.
A estrutura da cantiga de amor seguia sempre um determinado padrão: as estrofes sempre tinham um número determinado de versos (geralmente entre dois e cinco), apresentavam, muitas vezes, estribilho e refrão e a métrica era bem marcada.


O amor cortês apresenta-se como ideal, como aspiração que não tende à relação sexual, mas surge como estado de espírito que deve ser alimentado; pode-se definir, de acordo com a teoria platónica, como ideia pura; aspiração e estado de tensão por um ideal de mulher ou ideal de amor; amor fingimento; enquanto o amor provençal se apresenta mais fingido, de convenção e produto da imaginação e inteligência, nos trovadores portugueses, aparece, supostamente, mais sincero, como súplica apaixonada e triste.


Há uma variadade nas cantigas de amor:

a) Canções de Mestria (perfeitas obras de mestres)


  • Dobre
Consiste na repetição da mesma palavra em lugares simétricos da estrofe.


  • Mozdobre
Como a dobre, é a repetição da mesma palavra em sítio simétrico da estrofe, jogando, porém, com as suas flexões.
  • Atafinda
É uma espécie de encavalgamento entre os versos ou as estrofes. Consiste na ligação do período ou da oração que terminam no meio do verso ou da estrofe seguinte.
  • Finda
 É uma espécie de conclusão em dois ou três versos, que resume a cantiga.


  • Verso perdudo
É um verso introduzido no meio da estrofe, sem correspondência rimática.

b) Tenções - são diálogos entre dois trovadores, nos quais um procura contrariar o outro.

c) Desacordos - Eram composições multilingues nos quais se exprimiam a conflitos de amor.
d) Prantos - São lamentações pela morte de alguém ou então desabafos plangentes de coitas de amor.
e) Cantigas de refrão - São canções de amor onde aparece o refrão, típico das cantigas de amigo.

Cantigas de Amigo

Na lírica medieval galego-portugues uma cantiga de amigo é uma composição breve e singela posta na voz de uma mulher apaixonada. Devem o seu nome ao facto de que na maior parte delas aparece a palavra amigo, com o sentido de pretendente, amante, esposo.



 voz poética é a de uma jovem que relata as suas vivências amorosas, ora num monólogo, ora num diálogo com suas amigas, irmãs ou inclusive com a mãe. Os estados de ânimo são diversos e incluem a alegria pela chegada do amigo, a tristeza pela sua ausência ou a ansiedade pelo seu regresso, o desejo de vingança, ciúmes, etc. Os ambientes nos qual decorrem são o campo, o mar ou a casa: a fonte, onde foram procurar água ou lavar o cabelo, o rio ou a peregrinação.

Non chegou, madre, o meu amigo,
e hoj'ést'o prazo saído!
     ai, madre, moiro d'amor!

Non chegou, madre o meu amado
e hoj'ést'o prazo passado!
     ai, madre, moiro d'amor!

E hoj'ést'o prazo saído!
Por que mentiu o desmentido?
     ai, madre, moiro d'amor!

E hoj'ést'o prazo passado!
Por que mentiu o perjurado?
     ai, madre, moiro d'amor!

Por que mentiu o desmentido
pesa-mi, pois per si é falido.
     ai, madre, moiro d'amor!

Por que mentiu o perjurado
pesa-mi, pois mentiu a seu grado.
     ai, madre, moiro d'amor.

Nesta cantiga de amigo, existe um parelelismo perfeito, ou seja. Nas cantigas de amigo, o paralelismo consubstancia-se frequentemente no leixa-pren, um processo de articulação estrófica, pelo qual o 2.º verso da 1.ª estrofe é retomado no 1.º verso da 3.ª estrofe, ao mesmo tempo que o 2.º verso da 2.ª estrofe é repetido no 1.º da 4.ª estrofe, e assim sucessivamente.

Existem vários tipos de cantigas de amigo: 
  • pastorelas - assuntos campestres, diálogo com a naatureza.
  • romarias - assuntos relacionados às festas religiosas.
  • barcarolas - assuntos relacionados ao mar, rios e lagos.
  • bailias - assuntos ligados à dança.


Apresentação

Sou o Duarte, tenho 15 anos e sou de Beja. Estudo na escola D.Manuel I e no curso de Humanidades, de momento no 10º. Este blogue foi criado no âmbito da discipilina de Literatura Portuguesa. Neste blogue vou publicar a matéria que aprendemos ao longo do ano nesta disciplina.

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