sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Cesário Verde



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"Se eu não morrese, nunca! E eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas!"

O poeta português José Joaquim Cesário Verde nasceu em Lisboa no dia 25 de fevereiro de 1855. Conhecido por seus dois últimos nomes, ele é visto como um dos predecessores  e grande influência do estilo poético realizado no século XX em Portugal.
Cesário Verde teve uma origem humilde, era filho de um comerciante e agricultor chamado José Anastácio Verde e de Maria da Piedade dos Santos Verde. Em 1873, inicia seus estudos acadêmicos no Curso Superior de Letras, mas frequenta as aulas por apenas alguns meses. Neste período, acaba conhecendo um amigo que levaria para o resto da vida, Silva Pinto, também português e escritor. Naquela época, as atividades de Cesário eram produzir muitas poesias, que acabavam sendo publicadas em periódicos, além de trabalhar no comércio, ofício que herdara de seu pai.
Cesário Verde não conseguiu escapar da doença e faleceu aos 30 anos, em dezenove de julho de 1886. Silva Pinto, em sua homenagem, organizou uma compilação com a poesia do amigo, que chamou de “O Livro de Cesário Verde”. Em 1901 este livro foi publicado.
Na poesia de Cesário Verde, alguns temas predominantes são o campo e a cidade.O seu estilo era delicado, pois o poeta evitava o lirismo clássico.
As características mais importantes encontradas na análise de sua obra são imagens muito visuais que tinham o objetivo de dimensionar a realidade do mundo, a mistura do moral com o físico, a combinação de sensações, comparações, metáforas, sinestesias, versos decassílabos e quadras.
Um tema recorrente nas poesias de Cesário Verde é a mulher.Apresenta dois tipos femininos, sempre atrelados aos locais em que ambienta seus versos. Na cidade, cria uma mulher calculista, madura, autodestrutiva e dominadora. A sua representação do campo, o poeta descreve mulheres pobres, feias, doentes, esforçadas e trabalhadoras.
      Naquele pic-nic de burguesas,
      Houve uma coisa simplesmente bela,
      E que, sem ter história nem grandezas,
      Em todo o caso dava uma aguarela.


      Foi quando tu, descendo do burrico,
      Foste colher, sem imposturas tolas,
      A um granzoal azul de grão-de-bico
      Um ramalhete rubro de papoulas.


      Pouco depois, em cima duns penhascos,
      Nós acampámos, inda o Sol se via;
      E houve talhadas de melão, damascos,
      E pão-de-ló molhado em malvasia.


      Mas, todo púrpuro a sair da renda
      Dos teus dois seios como duas rolas,
      Era o supremo encanto da merenda
      O ramalhete rubro das papoulas!

O Livro de Cesário Verde, Lisboa, 1887
Neste poema verifica-se a capacidade descritiva de Cesário Verde e o seu gosto pela natureza. É possível verificar-se ainda uma característica muito especial do poeta, o gosto pela simplicidade. O facto de a burguesa ter descido do burrico descontraída e sem imposturas tolas e ter ido colher papoulas deu a Cesário um significado belo. Para o poeta o real valor das coisas estava na simplicidade.
A descrição do local onde a burguesa fora colher as pápulas “um granzoal azul de grão-de-bico” demonstra a capacidade descritiva do real observado pelo poeta e, assim quando a sua poesia é lida logo o leitor imagina a sena presenciada pelo poeta.

Verifica-se ainda o gosto de Cesário pela mulher simples que não se dá a luxos e que, tal como ele, gosta da natureza e do campo.




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