A maior parte das composições poéticas é inspirada na paixão
avassaladora que Almeida Garrett sentiu por a Viscondessa da Luz.
São inúmeras as marcas românticas presentes nos poemas desta
colectânea: a)Tratamento do tema dicotomia amor/paixão; b)Confessionalismo
literário; c)Defesa do mito de Rousseau do bom selvagem – crença na corrupção
inerente ao homem social que se opõe à sua bondade inata;
d) Apologia da liberdade de sentir/amar sem quaisquer
constrangimentos sociais – ex: o casamento; e) Dicotomia mulher-anjo / mulher
fatal; f) Concepção de amor como força avassaladora, tirana e irracional; g)
Presença de alguns temas e formas populares – ex: a pesca; utilização da quadra
(quatro versos numa estrofe) e da redondilha maior e menor (sete e cinco
sílabas métricas).
A linguagem do autor é simples, por vezes coloquial e
familiar, não sendo, no entanto, vulgar ou descuidada. O estilo é hiperbólico,
exclamativo, socorrendo-se de inúmeros artifícios como: METÁFORA – Pescador da
barca bela / onde vais pescar com ela…-; INTERROGAÇÃO RETÓRICA – Anjo és tu ou
és mulher?-;
ADJECTIVAÇÃO EXPRESSIVA - e só te quero / de um querer bruto
e fero / que não chega ao coração…; ANTÍTESE – Não te amo, quero-te! EXCLAMAÇÃO
– Olha bem estes sítios queridos! / vê-os bem neste olhar derradeiro!…;
PERSONIFICAÇÃO – olha o verde do triste pinheiro, entre muitos outros.
Garrett assume-se nesta obra como uma personagem que dialoga
(apesar de a presença do interlocutor estar apenas subentendida), dirigindo
palavras de doce amor ou raiva e desespero ao objecto do seu amor/paixão, ou
ainda dando conselhos a um tu que está a iniciar-se na aventura do amor.
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