Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Luís de Camões
quinta-feira, 17 de março de 2016
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
sábado, 12 de março de 2016
Contextualização da lírica camoniana (Renascimento, Humanismo e Classismo) + Vida e obra de Camões
Quem foi?
Sabe-se que o maior poeta português, Luís Vaz de Camões, nasceu provavelmente em Lisboa (Portugal), por volta de 1524 e pertenceu a uma família da pequena nobreza, de origem galega.
Este poeta do classicismo português possui obras que o coloca a altura dos grandes poetas do mundo. Seu poema épico Os Lusíadas divide-se em dez cantos repartidos em oitavas. Esta epopéia tem como tema os feitos dos portugueses: suas guerras e navegações.
Dono de um estilo de vida boêmio, este escritor lusitano foi freqüentador da Corte, viajou para o Oriente, esteve preso, passou por um naufrágio, foi também processado e terminou em miséria. Seus últimos anos de vida foram na mais completa pobreza.
A bagagem literária deixada pelo escritor é de inestimável valor literário. Ele escreveu poesias líricas e épicas, peças teatrais, sonetos que em sua maior parte são verdadeiras obras de arte.
Criador da linguagem clássica portuguesa, teve seu reconhecimento e prestígio cada vez mais elevados a partir do século XVI. Faleceu em Lisboa, Portugal, no ano de 1580. Seus livros vendem milhares de exemplares atualmente, sendo que foram traduzidos para diversos idiomas (espanhol, inglês, francês, italiano, alemão entre outros). Seus versos continuam vivos em diversos filmes, músicas e roteiros.
Obras de Camões
1572- Os Lusíadas
Lírica
1595 - Amor é fogo que arde sem se ver
1595 - Eu cantarei o amor tão docemente
1595 - Verdes são os campos
1595 - Que me quereis, perpétuas saudades?
1595 - Sobolos rios que vão
1595 - Transforma-se o amador na cousa amada
1595 - Sete anos de pastor Jacob servia
1595 - Alma minha gentil, que te partiste
1595 - Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
1595 - Quem diz que Amor é falso ou enganoso
Teatro
1587 - El-Rei Seleuco.
1587 - Auto de Filodemo.
1587 - Anfitriões
O RENASCIMENTO
Renascimento, Renascença ou Renascentismo são os termos usados para identificar o período da História da Europa aproximadamente entre fins do século XIV e o fim do século XVI . Os estudiosos, contudo, não chegaram a um consenso sobre essa cronologia, havendo variações consideráveis nas datas conforme o autor. Seja como for, o período foi marcado por transformações em muitas áreas da vida humana. Apesar destas transformações serem bem evidentes na cultura, sociedade,economia, política e religião, caracterizando a transição do feudalismo para o capitalismo e significando uma ruptura com as estruturas medievais, o termo é mais comummente empregado para descrever seus efeitos nas artes, na filosofia e nas ciências.
Arte
Na medida em que
o Renascimento resgata a cultura clássica, greco-romana, as construções foram
influenciadas por características antigas, adaptadas à nova realidade moderna,
ou seja, a construção de igrejas cristãs adotando-se os padrões clássicos e a
construção de palácios e mosteiros seguindo as mesmas bases.
·
Pintura
Duas grandes novidades marcam a pintura renascentista: a
utilização da perspectiva, através da qual os artistas conseguem reproduzir em
suas obras, espaços reais sobre uma superfície plana, dando a noção de
profundidade e de volume, ajudados pelo jogo de cores que permitem destacar na
obra os elementos mais importantes e obscurecer os elementos secundários, a
variação de cores frias e quentes e o manejo da luz permitem criar distâncias e
volumes que parecem ser copiados da realidade; e a utilização da tinta à óleo,
que possibilitará a pintura sobre tela com uma qualidade maior, dando maior
ênfase à realidade e maior durabilidade às obras.
Escultura
Pode-se dizer que a escultura é a forma de expressão
artística que melhor representa o renascimento, no sentido humanista.
Utilizando-se da perspectiva e da proporção geométrica, destacam-se as figuras
humanas, que até então estavam relegadas a segundo plano, acopladas às paredes
ou capitéis. No renascimento a escultura ganha independência e a obra, colocada
acima de uma base, pode ser apreciada de todos os ângulos.
Dois elementos se destacam: a expressão corporal que garante o equilíbrio, revelando uma figura humana de músculos levemente torneados e de proporções perfeitas; e as expressões das figuras, refletindo seus sentimentos. Mesmo contrariando a moral cristã da época, o nu volta a ser utilizado refletindo o naturalismo.
Encontramos várias obras retratando elementos mitológicos, como o Baco, de Michelangelo, assim como o busto ou as tumbas de mecenas, reis e papas.
Dois elementos se destacam: a expressão corporal que garante o equilíbrio, revelando uma figura humana de músculos levemente torneados e de proporções perfeitas; e as expressões das figuras, refletindo seus sentimentos. Mesmo contrariando a moral cristã da época, o nu volta a ser utilizado refletindo o naturalismo.
Encontramos várias obras retratando elementos mitológicos, como o Baco, de Michelangelo, assim como o busto ou as tumbas de mecenas, reis e papas.
· Arquitetura
Os arquitetos renascentistas perceberam que a origem de construção
clássica estava na geometria euclidiana, que usava como base de suas obras o
quadrado, aplicando-se a perspectiva, com o intuito de se obter uma construção
harmónica. Apesar de racional e antropocêntrica, a arte renascentista continuou
cristã, porém as novas igrejas adotaram um novo estilo, caracterizado
pela funcionalidade e portanto pela racionalidade, representada pelo plano
centralizado, ou a cruz grega. Os palácios também foram construídos de forma
plana tendo como base o quadrado, um corpo sólido e normalmente com um pátio central,
quadrangular, que tem a função de fazer chegar a luz às janelas internas.
HUMANISMO
O humanismo foi uma época de transição entre a Idade Média e o Renascimento.
Como o próprio nome já diz, o ser humano passou a ser valorizado.
Foi nessa época que surgiu uma nova classe social: a burguesia. Os burgueses não eram nem servos e nem comerciantes.
Com o aparecimento desta nova classe social foram aparecendo as cidades e muitos homens que moravam no campo se mudaram para morar nestas cidades, como consequência o regime feudal de servidão desapareceu.
Foram criadas novas leis e o poder parou nas mãos daqueles que, apesar de não serem nobres, eram ricos.
O “status” econômico passou a ser muito valorizado, muito mais do que o título de nobreza.
As Grandes Navegações trouxeram ao homem confiança de sua capacidade e vontade de conhecer e descobrir várias coisas. A religião começou a decair (mas não desapareceu) e o teocentrismo deu lugar ao antropocentrismo, ou seja, o homem passou a ser o centro de tudo e não mais Deus.
Os artistas começaram a dar mais valor às emoções humanas.
É bom ressaltar que todas essas mudanças não ocorreram do dia para a noite.
CLASSICISMO
CLASSICISMO
Em arte, classicismo refere-se ao mundo antigo, ou seja, à valorização da Antiguidade Clássica como padrão por excelência do sentido estético. A arte classicista procura a pureza formal, o equilíbrio, o rigor ou, segundo a nomenclatura proposta por Friedrich Nietzsche, pretende ser mais apolínea que dionisíaca.
Alguns historiadores de arte, entre eles Giulio Carlo Argan, alegam que, na história da arte, concorrem duas grandes forças, constantes e antagônicas: uma delas é o espírito clássico; a outra, oromântico. As três grandes manifestações classicistas da Idade Moderna europeia são o renascimento, o humanismo e o neoclassicismo. A arte clássica, por conta de seu contexto histórico, é impulsionada por grande explosão de vida e confiança no ser humano. Por isso, essas manifestações artísticas são marcadas pela visão antropocêntrica, que evidenciará a beleza do corpo humano na pintura e na escultura.
quinta-feira, 10 de março de 2016
Farsa de Inês Pereira + Biografia de Gil Vicente (Trabalho de grupo)
SLIDE 1: Boa tarde, hoje vamos apresentar um trabalho proposto pela
professora de Português e Literatura Portuguesa. O trabalho é sobre Gil Vicente
e a Farsa de Inês Pereira. Esta Farsa segue o mote de: Mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube.
SLIDE 2: Poeta e dramaturgo português, Gil Vicente é considerado por
muitos estudiosos o pioneiro no teatro de Portugal, chamando-o de “Pai do
teatro português”. As obras do poeta marcam a fase histórica da passagem da
Idade Média para o Renascimento (século XVI). Pouco se sabe sobre a vida
pessoal de Gil Vicente, mas alguns estudos recentes afirmam que há grandes
possibilidades de o autor ter nascido na cidade de Guimarães, em Portugal, no
ano de 1466 e falecido em 1536.
SLIDE 3: Em primeiro lugar, os outros pastoris, que se estruturam como
éclogas encenadas, à maneira de Juan del Encina. Trata-se de diálogos de
pastores.
Em segundo lugar,
encontramos o teatro religioso, que poderemos caracterizar pelos autos de
moralidade.
Em terceiro lugar
está a farsa. Na forma mais simples, a farsa reduz-se a um episódio cómico
colhido em flagrante na vida da personagem típica.
Em quarto lugar, há
a considerar o auto cavaleirescas é o das alegóricas de tempo profano, que
oferecem formas variadas.
Esta classificação
do teatro vicentino em auto pastoris, moralidades, farsas, autos cavaleirescos,
autos alegóricos (de tema profano) não passe de simples tentame aproximativo.
SLIDE 4: Inês: representa uma mulher fútil, preguiçosa e interesseira,
que se casa duas vezes apenas para se livrar do tédio da vida de solteira. Não
conseguindo os seus objetivos no primeiro casamento, consegue-os no segundo,
com o marido ingênuo.
Lianor Vaz: é a alcoviteira,
personagem que à época arranjava casamentos, numa sugestão de que a base da
família estaria corrompida.
Mãe: apesar de dar conselhos à
filha, acha importante que ela não fique solteira e se torna cúmplice das
atitudes dela.
Pêro Marques: é o
marido bobo. Apesar de ser ridicularizado por Inês, ele casa-se com ela e deixa
que ela o maltrate e o traia.
Escudeiro:
Preocupado em arrumar uma esposa, finge e engana, criando uma imagem de
"bom moço"; revela-se depois um tirano, e deixa Inês presa em sua
casa; é morto por um pastor.
Moço: era o criado
do escudeiro. Era pobre, pois não era pago pelos seus serviços, e criticava e
denunciava a pobreza do escudeiro. Após a morte do amo, ele lamenta-se e
liberta Inês.
Ermitão: era um
velho amigo de Inês que se tornou Ermitão, no fim da história Inês usa-o para
trair Pero Marques.
Latão e Vidal:
judeus casamenteiros que apresentaram o Escudeiro a Inês.
SLIDE 5: É
composto por dois tipos de texto:
-
Texto
principal, as falas dos actores.
-
Texto
secundário (ou didascálias, ou indicações cénicas) destina-se ao leitor, ao
encenador da peça ou aos actores.
Tipos de
caracterização:
• Direta – a partir
dos elementos presentes nas didascálias, da descrição de aspectos físicos e
psicológicos, das palavras de outras personagens, das palavras da personagem a
propósito de si própria.
• Indireta – a
partir dos comportamentos, atitudes e gestos que levam o espectador a tirar as
suas próprias conclusões sobre as características das personagens.
SLIDE 6: Classificação quanto ao relevo:
- protagonista ou
personagem principal
- personagens
secundárias
- figurantesterça-feira, 1 de março de 2016
Crónica de D.João I
Esta crónica, impressa pela primeira vez em Lisboa, em 1644, foi deixada incompleta por Fernão Lopes, sendo de sua autoria a primeira (o interregno entre a morte de D. Fernando e a eleição de D. João I) e a segunda parte (o reinado de D. João I até 1411), não se sabendo se terá legado manuscritos para a terceira parte, redigida pelo seu sucessor, Gomes Eanes de Zurara, conhecida como Crónica da Tomada de Ceuta.
É no prólogo da Crónica de D. João I que o cronista expõe o seu objetivo e método de historiar inovador. O seu desejo é "em esta obra escrever verdade sem outra mistura", para o que faz concorrer toda a gama de documentos possível, desde narrativas a documentos oficiais, confrontando-os entre si para assegurar a veracidade dos registos existentes. Ao mesmo tempo, esta crónica estabelece, de certa forma, o ponto de chegada das duas crónicas precedentes, na medida em que estas preparam os acontecimentos que culminam com a sublevação popular e consequentemente, com a entronização de D. João I.
A primeira parte da crónica descreve a insurreição de Lisboa na narração célere dos episódios quase simultâneos do assassinato do conde Andeiro, do alvoroço da multidão que acorre a defender o Mestre e da morte do bispo de Lisboa. Ao longo dos capítulos, fundamenta-se a legitimidade da eleição do Mestre, consumada nas cortes de Coimbra, na sequência da argumentação do doutor João das Regras, enquanto desfecho inevitável imposto pela vontade da população. Nesta primeira parte, o talento do cronista na animação de retratos individuais, como os de D. Leonor Teles ou D. João I, excede-se na composição de uma personagem coletiva, o povo, verdadeiro protagonista que influi sobre o devir dos acontecimentos históricos.
Na segunda parte, o ritmo narrativo diminui, tratando-se agora de reconhecer o rei saído das cortes, e é de novo pela ação do povo que a glorificação do monarca é transmitida, como, por exemplo, no modo como o acolhe a cidade do Porto. Um outro momento de maior relevo é consagrado, nesta parte, à narrativa da Batalha de Aljubarrota, embora aí não ecoe o mesmo tom de exaltação com que, na primeira parte, colocara em cena o movimento da massa popular.
É no prólogo da Crónica de D. João I que o cronista expõe o seu objetivo e método de historiar inovador. O seu desejo é "em esta obra escrever verdade sem outra mistura", para o que faz concorrer toda a gama de documentos possível, desde narrativas a documentos oficiais, confrontando-os entre si para assegurar a veracidade dos registos existentes. Ao mesmo tempo, esta crónica estabelece, de certa forma, o ponto de chegada das duas crónicas precedentes, na medida em que estas preparam os acontecimentos que culminam com a sublevação popular e consequentemente, com a entronização de D. João I.
A primeira parte da crónica descreve a insurreição de Lisboa na narração célere dos episódios quase simultâneos do assassinato do conde Andeiro, do alvoroço da multidão que acorre a defender o Mestre e da morte do bispo de Lisboa. Ao longo dos capítulos, fundamenta-se a legitimidade da eleição do Mestre, consumada nas cortes de Coimbra, na sequência da argumentação do doutor João das Regras, enquanto desfecho inevitável imposto pela vontade da população. Nesta primeira parte, o talento do cronista na animação de retratos individuais, como os de D. Leonor Teles ou D. João I, excede-se na composição de uma personagem coletiva, o povo, verdadeiro protagonista que influi sobre o devir dos acontecimentos históricos.
Na segunda parte, o ritmo narrativo diminui, tratando-se agora de reconhecer o rei saído das cortes, e é de novo pela ação do povo que a glorificação do monarca é transmitida, como, por exemplo, no modo como o acolhe a cidade do Porto. Um outro momento de maior relevo é consagrado, nesta parte, à narrativa da Batalha de Aljubarrota, embora aí não ecoe o mesmo tom de exaltação com que, na primeira parte, colocara em cena o movimento da massa popular.
Crónica de D.Fernando
A Crónica de D. Fernando foi redigida por Fernão Lopes, entre 1440 e 1450, e constitui a segunda das três grandes crónicas do primeiro cronista régio. O cronista relata na sua ordem cronológica os factos mais destacáveis do reinado e vida de D. Fernando, compondo um balanço antitético da sua ação governativa, no que diz respeito à política governativa interna e externa, e aos traços contraditórios da sua personalidade. Assim, o relato das três guerras com Castela, que ocupa grande parte da crónica, merece um juízo desfavorável pelas consequências económicas que produziu enquanto aventuras bélicas não plenamente justificadas. Por outro lado, as medidas tomadas pelo rei, no âmbito da administração interna, são enaltecidas pelo narrador, como, por exemplo, "a proveitosa ordenação de mandar que as terras do reino fossem todas lavradas e aproveitadas" ou os privilégios que concedeu "aos que comprassem ou fizessem naus". Mas é nos aspetos da vida pessoal que o ponto de vista do cronista é mais condenatório, nomeadamente na sua relação e casamento com D. Leonor Teles, cujas manobras permitem de resto ao autor compor um dos mais ricos retratos da sua galeria de personagens históricas. A reprovação dos "povos de Lisboa" face a um casamento que não honrava o seu rei e a recusa do monarca em ouvir a voz do povo, que na perspetiva do cronista é a voz da razão, é decisiva para uma condenação de D. Fernando, sobretudo quanto às consequências nefastas desse ato irrefletido durante o interregno, ao colocar em perigo a integridade do reino e ao lançar o país numa profunda crise nacional.
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